quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Terapia, por quê fazê-la?

Para muitas pessoas essa palavra acaba sendo sinônimo de atestado de loucura, de que algo não vai bem consigo mesmo ou que somos fracos a ponto de precisar ouvir de outra pessoa aquilo que já sabemos bem.

Mas será que no fundo realmente nos conhecemos a ponto de nunca precisar buscar uma ajuda profissional?

Será que o "trem" de nossa existência está percorrendo corretamente os trilhos da vida? Será que tudo aquilo que um dia sonhamos, desejamos, realmente está alinhado com a realidade em que vivemos. São tantas as perguntas, porém nem sempre temos tantas respostas, ou quando as temos, não é fácil assimilar de uma forma tão racional que simplesmente entendemos e compreendemos de uma maneira que tudo aquilo que nos apertava o peito é findado. E o pior é quando essas respostas nem sempre são aquilo que queríamos ouvir, mas que realmente é a realidade.

Se você parar pra observar como está sua vida hoje, como você tem vivido, como foi tua infância, será que realmente está tudo no devido lugar ou você guarda seus "medos", seus "fantasmas" internos que só você conhece e que isso de certeza forma se somatiza no teu dia-a-dia?

Não é fraqueza alguma buscar a orientação de alguém que lhe seja estranha, que não faça parte do teu convívio, que você possa confiar para falar aquilo que sempre te sufocou mas que de certa forma não podia vir à tona, uma vez que isso poderia ser a queda da sua "fortaleza" ou "muralha interior".

Saiba, o profissional de psicologia não fará mágica alguma por você, mas lhe levará a conhecer quem você realmente é, aquilo que você precisa se organizar, aquilo que você precisa jogar fora, aquilo que você precisa trabalhar para se equilibrar novamente.

Nunca queira se comparar com outras pessoas, por mais similaridades que se apresente, pois somos indivíduos únicos e cada um tem uma história de vida, uma percepção do mundo, uma força e recurso interior que lhe é peculiar.

Querer usar da análise de alguém pra si mesmo é brincar com sua vida, de forma que você mesmo terá a certeza que não é aquilo que você precisa. Você pode até tentar enganar os outros, viver de máscaras, aparências, ativar mecanismos de auto-defesa, mas nunca irá conseguir fazer isso com você, pois só você sabe o que realmente precisa ser trabalhado. Muitas vezes aceitar isso não é fácil, pois naturalmente tentamos bloquear isso, mas que enquanto não enfrentamos tal situação, nunca seremos livres dessas amarguras internas, dessas aflições, traumas, medos, etc.

Sei por experiência própria, que me conhecendo muito bem, cheguei num ponto em que percebi que meus caminhos, minha vida, tudo precisava de uma reorganização imediata, que algo estava fora do contexto normal e que aquilo estava começando a somatizar situações de medos, isolamento, aflições, coisas que não faziam parte do meu dia-a-dia.

Percebi que ao perder as pessoas pilares de minha vida, muita lacuna se abriu e chegou num ponto em que não sabia mais o que fazer uma vez que me dediquei sempre ao bem estar dessas pessoas, pois bem, logo não pensei muito e sabia que não adiantava mais me enganar achando que era forte o suficiente pra sair dessa, que terapia é coisa pra fracos e quem não tem o que fazer é que precisa ficar gastando dinheiro pra ouvir o óbvio.

Quando comecei, fui disposto a fazer a faxina interna na minha vida, não poderia jamais me enganar nas sessões porque de nada adiantariam, então a solução seria abrir o "baú existencial" e tirar todo o lixo que ali se acumulou ao longo dos anos.

Que alívio, cada sessão, cada reflexão, cada análise no que eu realmente sou; poder chegar a conclusão daquilo que realmente foi necessário. Descobrir que realmente o mais importante agora é que minha vida precisa seguir, que essas lacunas precisam ser preenchidas, que eu como pessoa preciso viver a minha vida e não mais estar de prontidão para os outros.

Novos objetivos de vida, novos rumos traçados para que realmente eu tenha sonhos, poder correr atrás daquilo que realmente me fará completo pessoal, emocional e profissionalmente.

Se você está passando ou já teve momentos em sua vida que nada parecia ter sentido, realmente pense com carinho na possibilidade de fazer uma terapia, verá o quanto você ainda tem pra se auto-descobrir. Só faz bem, mas vá convicto de que você quer essa mudança, quer essa ajuda, pois se bloquear, se fechar, só te fará adiar aquilo que você poderia estar curtindo de boa na sua vida.
Viva a terapia, viva os psicólogos que se dedicam a ouvir, a entender, a ajudar aqueles que de certa forma perderam o "chão" mas que com sorte e em algum momento o "chão" nos é dado de volta.
Antes de criticar alguém que faz terapia, alguém que esteja em depressão, que tenha alguma síndrome de pânico, faça uma auto-crítica de como você está, se a resposta for que você está perfeito que não precisa de nada disso, provavelmente você está negando aquilo que realmente você sabe que é necessário mexer mas que você ainda não quer encarar.

Pense nisso...